2:05 PM
O abraço da Rainha Paola Bracho era uma jovem camponesa, a mais bela camponesa daquelas Terras, seu único defeito sempre fora a ambição. Não bastava a ela andar por aqueles campos floridos e colher as mais belas flores que seus pretendentes ousavam comparar a sua beleza, Paola queria mais, não lhe bastava a beleza, não lhe bastava os camponeses a seus pés e tampouco a humildade de sua família. Paola sonhava com outro mundo, com jóias, com tecidos finos, com elogios caros, com etiqueta peculiar. Paola nascera para a realeza, e não demorou muito a alcançar seu objetivo. Certo dia a bela finalmente resolveu correr atrás de seu objetivo, por intermédio de um admirador conseguiu um convite a um Baile de Gala na corte, o vestido pegara emprestado de uma costureira que estava a termina-lo para uma burguesa, mas que boa mulher resistiria aqueles olhos verdes de Paola que lhe imploraram pelo vestido, para ter seu “Dia de Princesa”...Paola as vezes não sabia do que era capaz, e nem mesmo que naquele dia mais que Princesa, seria Rainha. Foi ao baile, arrumou um cocheiro que também era outro admirador de sua incontestável beleza para leva-la e fingir ser ela alguém de valor.Chegou ao baile em um resplandecente vestido de cor vermelha, acentuava sua palidez, e suas sardas ao colo nu, elevado pelo vestido, que desvia solto, rodado as pernas, os cabelos semi presos e semi soltos recaiam aos ombros até a cintura. E, “...quando entrou ao salão, foi a dama que roubou toda a atenção....” Recitava um trovador que andava por lá. E de toda a atenção, roubou a de Cond Martinn Bracho e não somente a atenção mas também a alma, fora isto que o Giovanni disse quando perdeu-se de encanto pela camponesa que ele julgava ser uma nova Dama da Corte, que certamente herdara alguma fortuna para estar ali naquele local e vestida daquele modo. Ele a chamou para a dança, e nunca ela fora tão sedutora em toda sua vida, aquele homem era o caminho para sua ambição renegada, e após a dança ele a chamou para sua carruagem, e de lá para seu quarto, e Paola nunca provou sensação igual, pela primeira vez na vida teve prazer, um prazer absoluto que nenhum de seus admiradores campestres foi capaz de lhe dar, e dizia o Cond: “Seus olhos me contam seus desejos, Paola, por mais que saiba que dar eles a ti é como entregar minha alma ao demônio para que a consuma, nada mais posso faze-la do que da-la a ti..Minha Paola...” Foi a primeira vez que Paola conheceu o grau de sua própria ambição, sabia que finalmente conseguiria ser quem sempre quis e ir além cada vez mais longe, após o abraço do Giovanni, a experiência de vida e morte, e morte e vida. Paola renasceu, e agora sim, as jóias, as roupas, a etiqueta, a classe. Tudo veio junto da união religiosa com o Giovanni, ele fez questão de “prender” logo sua Paola em laços matrimonias, e Paola sabia como fazer um homem feliz e como faze-lo doente também, e foi o que fez ao Cond, com seus joguetes de sedução e desprezo, fez bem o Giovanni adoecer, adoecer sem sua alma, e partir, partir para sempre, e deixa-la ali, só com sua ambição. O luto durou um dia, um dia que a bela desfilou em trajes pretos chorando a partida de seu Belo Cond. Dizem as más línguas e as boas também, que um dia após Paola Já desfilava com seu novo companheiro, Daniel Bracho, ela já o fazia seu e já lhe dava o mesmo nome que apanhara do Conde, Bracho, dividia com Daniel todo seu poder e ambição, pobre Conde deixara tudo a sua amada que agora dividia com seu amante. Que contraste. Depois do doce Daniel, veio o incomensurável Pablo, que diziam que ela havia abraçado devido a classe o status que eram únicos, era tão cobiçado quando Francesco, o grande sedutor que veio em seguida e dizem que este finalmente conhecera uma mulher capaz de coloca-lo nos eixos, e por fim, bom dizem que é o ultimo, o caçula Dieguito, o anjo de candura de Paola. E vá criticar os quatro abraços da mulher que hoje já se tornou Justicar, vá criticar as decisões de Paola, ou fazer alusão a sua ambição, eis que ela há de faze-lo conhecer o demônio, em sua ambição, em suas decisões, e em suas crias, ninguém há de tocar, do resto? Carpe Diem!...
Contado pela Camarilla Francesa
2:15 PM
Os olhos negros iam calmos à janela do Castelo em Marseille. A noite já havia tomado o céu a beira mar e a expressão plácida e pálida de Mademoiselle Vallerie Debois mantinha-se inalterada, talvez presa a algum ponto brilhante que reluzia no céu da França naquela noite. O Vestido longo em um tom Azul turquesa ressaltavam ainda mais os longos cabelos negros que lhe eram presos num coque e deixavam algumas mexas caírem de uma maneira displicentemente proposital sobre o rosto e sobre a nuca. Vallerie lembraria em muito um quadro recém pintado por um pintor renascentista. O rosto de traços delicados que trazia consigo um quê da misteriosa aura daquela mulher, ajudavam a compor o belo corpo acentuado com uma cintura tão fina e delicada. Baixou os olhos por alguns instantes como que acometida por algum pensamento, e Vallerie sempre se podava a este tipo de situação. Não gostava de lembrar de passados. Passados deveriam ser apagados desde quando começou a aceitar seu presente séculos atrás. Mas aquele fato.. aquele único fato jamais lhe saiu da mente, nem mesmo em sua pós morte. Era como se pudesse sentir os aromas.. o cheiro da chama a crepitar, o grito das pessoas desesperadas. - Matem! Matem a bruxa!!! E eles corriam atrás de uma jovem camponesa que havia usado o que sabia, o que lhe fora ensinado por sua avó.. por sua mãe, o trato com ervas medicinais, para ajudar um garotinho na vila onde morava, em Dijon. E aquelas pessoas brutas e ignorantes esqueciam que ela era uma cria daquela cidadezinha decrépta e a perseguiam por todas as vielas que pode entrar ao tentar fugir. - Vamos queimá-la!!! Peguem a bruxa!!! E aquelas pessoas não desistiam. Corriam como se para sua própria sobrevivência medíocre e Vallerie sentia o vestido rasgar por entre os becos, sentia os cabelos ao próprio rosto, o vento frio que lhe cortava a pele quente e delicada. O mesmo vento que tocava seu rosto austero agora, mas que já não lhe machucava a pele agora tão fria quanto o próprio vento. Meneava a cabeça lentamente como que para afastar aquela maldita imagem que não lhe saíra da mente em nenhum momento e as mãos delicadas iam até o beiral da alta janela. Os olhos negros podiam vislumbrar a violência do chocar-se das ondas sobre as rochas no mar tão perto. E junto com o quebrar das ondas vinha a queda que levava ao correr em um beco sem saída. Vinha o sentir das delicadas mãos conhecedoras das plantas a arranhar e ferir-se no chão áspero daquele beco, vinha o marejar dos olhos quando se erguia novamente para ver aquela multidão enfurecida a voltar-se contra ela. Olhos de pessoas que a viram crescer e que agora pareciam ver o próprio demônio diante de si.. - Esperem! Não sou uma bruxa!! Deixem-me em paz!!! Eles não a escutavam, avançavam contra ela. A voz começava a lhe faltar, a sair trôpega entre o choro que era corajosamente contido em sua garganta. E mal teve tempo de falar, de implorar por sua vida, sentia o calor da chama da tocha que era desferida contra ela, que a acertaria em cheio e com certeza deformaria o belo rosto se não fosse contida por uma mão alva e forte. Que segurava a tocha e de costas para ela parecia espantar todos aqueles estúpidos camponeses. - Deixem-na em paz, covardes! – A voz que se proferia daquele homem de casaca negra parecia-se com um trovão que irrompia no céu. – Querem queimar alguém? Queimem a santa consciência medíocre de vocês.. Queimem sua hipocrisia. Esta mulher salvou a criança e é assim que retribuem? Amedrontando-a e machucando-a? Vallerie mantinha-se imóvel. Quem era aquele homem que tinha partido em seu socorro e enfrentava agora mais de 30 pessoas em defesa de sua vida? - Monsieur.. peço que não tomes meu partido, antes que eles acabem por machuca-lo. – Murmurava com voz trêmula, buscando uma coragem que julgava não mais possuir – Ajudei-os se é este o meu destino, que se cumpra, mas que não mais se derrube sangue inocente além do meu. Meu bom senhor.. Deixai que cumpram o que querem cumprir.. O homem parecia render-se num sorriso e por detrás de seus ombros quando ele puxava a tocha da mão do homem que atingiria Vallerie e só poderia ser por um milagre dos céus, aquelas pessoas corriam todas, deixavam que as tochas, as foices lhes caíssem das mãos e corriam desesperadamente para longe daquele beco, gritando que era o demônio, era o demônio, que ela havia invocado um demônio. Que era a mulher do próprio demônio. E o do que eles estavam falando? Não compreendia, mas agora finalmente eles haviam ido embora e o homem finalmente se voltava para ela. Os olhos de um azul acinzentados que beirava o branco na íris. O rosto angular de traços fortes e marcantes. Estava vestido elegantemente, a casaca negra caia sobre uma camisa num tom de vermelho sangue, presa no pescoço por uma espécie de camafeu em rubi e ouro. E ele lhe tomava a mão em um sorriso tão calmo que fazia o coração da jovem Vallerie Périer acalmar-se das batidas descompassadas. - Mercy Monsieur.. – ela inclinava a cabeça tendo os cabelos negros a lhe caírem ainda mais pela face, desfazendo-se do coque já desarrumado. – Devo-lhe minha vida. Ele sorriu mais uma vez aproximando-se, tomando as mãos que exalavam o cheiro ferruginoso do vitae daquela bela mulher e verificava os machucados, voltando a erguer os olhos para ela mais uma vez, deixando-os pousados na imensidão vivaz negra que ela possuía. - Shhhh... – levou o indicador dos próprios lábios, aos lábios dela, num pedido que se silenciasse. – Não me agradeça mademoiselle.. não ainda... – os dedos soltavam-lhe os lábios e deslizavam pela palma da mão machucada, tocando o sangue que vertia dali em finos filetes rubros. – Sabes que não és bem vinda nesta cidade... não mais.. Os olhos negros perdiam-se numa tristeza infinita ao escutar aquelas palavras que ela sabia serem verdadeiras e meneou a cabeça afirmativamente sem desviar-lhe os olhos. E porque não conseguia desviar os olhos daquele homem? - Sim eu sei, Monsieur.. – Partirei ainda esta noite de Dijon, temo apenas por minha mãe que já possui avançada idade, tentarei leva-la comigo. – Ela tomava a mão do homem tirando a palma dos dedos frios que a tocava e trazia as mãos frias daquele homem estranho aos lábios para um beijo em respeito. – agradeço novamente por ter me defendido Monsieur.. devo-lhe minha vida.. Como devo chamar o meu salvador? Ele sorriu, sentindo os lábios quentes tocarem sua pele, e inclinava a cabeça para ver aquela mulher tão delicada e forte ao mesmo tempo lhe agradecer mais uma vez. Queria sua alma, queria seu vitae, queria seu viver. A queria para si, com todo o conhecimento de ervas que ela possuía, com todo o conhecimento nas artes, nos caminhos da mão direita e esquerda que Vallerie tinha adquirido durante toda a sua vida até aqueles doces e tenros 26 anos. Deixou que ela erguesse os olhos negros para fitar os seus e então perceber que não mais eram azuis acinzentados, mas num tom de vermelho sangue, tão intenso quanto a própria camisa que usava. E que dos lábios agora fluíam presas alvas como a luz da lua que caia sobre os cabelos dourados daquele homem. Vallerie teve apenas o tempo exato de entreabrir os lábios para um grito mudo e puxar as mãos com rapidez, levando-as para tapar os lábios. Então era isso? Era disso que a multidão havia fugido em desespero!? Os olhos observavam assustados enquanto aquele homem levava a ponta do indicador suja de seu próprio sangue aos lábios para prova-la. - Pierre.. mas talvez seja mais coerente chamar-me de seu algoz, Mademoiselle.. Foram as ultimas palavras que pode escutar antes de ter o pescoço perfurado pelas presas do vampiro e de ter sua vida se esvaindo para os lábios daquele homem. Antes de se tornar para todo o sempre o que era durante os séculos que se passaram. Condessa Vallerie Debois. Abriu os negros olhos novamente em direção ao mar. Querendo espantar de si mais uma vez aquelas lembranças que nada lhe trariam de útil. Vivera uma pós vida de amor e ódio por Pierre até que ele foi assassinado por hunters. E sempre houveram boatos de que fora a própria Vallerie quem forneceu a localização de Pierre. Mas a camarilla jamais conseguiu provas da traição da tremere, e com isso ela obtinha a posição que ele ocupava, tornando-se uma justicar a serviço do Príncipe Aleksander Alucard da França. Deixava o corpo sair da janela em um movimento gracioso, tendo a barra do vestido azul turquesa a arrastar no chão ao seu mover. Era hora de caçar. Era hora de acordar sua preguiçosa cria.
Contado pela Camarilla Francesa
3:00 PM
Capitulo um: O abraço
Há muitos e muitos tempos atrás, quando as brumas tomavam parte de todo o País de Gales e da Irlanda do Norte, Quando as lendas sobre Avalon ainda enalteciam os jovens que sonhavam com os romances de Camelot. Quando a voz da rainha ainda reinava soberana, um jovem era conhecido por seu talento musical, pelo dom de extrair as mais belas melodias de um Stratovarius que ganhou quando criança. Vincent Lawrence Lampardd. Dono de uma beleza incontestável. Um dorso de marfim, era assim que as belas bocas das damas da corte sussurravam emberbes e timidamente quando ouviam falar das apresentações do jovem poeta. Sim.. Vincent tinha o dom da escrita, o mesmo que algumas vezes segue alinhado ao dom da fala. A voz quase sempre rouca e morna aprazia os ouvidos aos quais ele resolvesse sussurrar pequenas e doces palavras. Vincent era notívago. Um boêmio e bom vivant como assim o são quase todos os poetas, artistas de talento. Vivia da noite e para noite em esbórnias, cabarets, entregue aos prazeres carnais, de damas solteiras ou não que lhe ensinavam os mistérios que rondam a alma feminina. E um jovem assim não poderia passar despercebido aos olhos que buscam companhias. Que buscam crias. E assim, numa quente noite de verão, onde a companhia de Vince fora solicitada para abrilhantar os salões da Condessa du Blanchet, os olhos de Vince se perderam nos negros daquele que mais tarde seria seu algoz. Ele jamais soube explicar oq ue o fez quase parar de tocar o stratovarius ao perceber a presença do Conde Armand Vladmir Tsepesh. O homem de longos e densos cabelos de um negro tão intenso quanto o veu da noite que se abatia sobre a cidade em julho de 1590 o observava como se pudesse suga-lo para si a qualquer momento. e Vincent jamais havia visto um homem daquela forma. Como se seu ser fosse puxado para ele a todo instante, e num momento não havia, para si, mais ninguem naquele salão.. não havia mais a doce voz da condessa que com certeza o esperaria em seu leito aquela noite, nem mesmo a voz das belas damas da corte, nada. Apenas o olhar daquele homem que o puxava. E assim ele fez. A condessa os apresentou, talvez alimentando seus sonhos libidinosos, para ter dois semi deuses em sua cama a praticar atos luxuriosos. Mas naquela noite não haveria deleite para a palida e bela mulher. - Vincent, quero lhe apresentar o Conde Tsepesh.. - A voz da Condessa era tão suave quanto suas próprias expressões. - Ele estava a comentar-me a beleza com que tocas, o som exuberante que extrai do seu violino. Vincent corava e era um absurdo para ele este fato. Corar com um elogio masculino. Desejar que pela primeira vez a imagem da Condessa não estivesse entre a imagem dele e a daquele homem. Não era um desejo sexual, mas uma necessidade do corpo inteiro, da alma, de apenas restarem no mundo ele e o seu novo conhecido, Conde Tsepesh. - É uma honra, conhece-lo Milord. - ele fazia uma curta reverencia, talvez na intenção de esconder do conde seu jovem e corado rosto - E regorgiza-me a alma em saber que aprecias a musica que toco. - A honra se torna nossa então, Milord Lampardd.. - e Armand lhe devolvia o mesmo cumprimento cortez, sem entretanto desviar os olhos negros dos esmeralda de Vincent. E naquele momento, naquele cruzar de olhares, naquela reverência que não se desviavam, Vince perdeu-se. Perdeu a alma, perdeu a vida e a vontade. Passaram a ser todos de Armand. Não tardou a sairem daquela casa e caminhar entre os bosques. Não tardou a rirem das historias contadas um pelo outro. Não tardou a descobrirem que havia muito a aprender um com o outro. Não tardou a Vince amar Armand. Não como um homem amaria uma mulher, mas como algo de que se necessita para viver. Não tardou a Armand desejar imensamente o vitae que Vince possuia e durante uma das muitas caminhadas que tiveram, um de tantos passeios entre os bosques dos parques da irlanda, entre as flores que Vincent tinha paixão, Armand o abraçar. O tomar para si, sugando num abraço que de inicio Vince assustou-se. Era um contato masculino, algo ao qual ele não estava habituado e não entendia pq não cnseguia sair do abraço daquele homem, nem dos labios frios que lhe tomaram a pele do pescoço. A dor. A dor que vinha firme e prazeirosa junto a sensação de que sua vida se esvaia pelos orificios abertos pelos caninos de Armand em seu pescoço. Quis gritar para afastá-lo, mas o grito saia aliado a um prazer descomunal. O prazer de estar se tornando uno com seu grande amigo. O prazer da vida que se esvai. Sentiu o corpo cair ao chão e em seguida tudo pareceu tão frio. Já não tinha mais a beleza do beijo que lhe deixara torpe. Os olhos outrora vivazes e verdes tinham agora um tom escuro e opaco, quando se encontrou na grama, e pode passar os dedos pelos filetes de sangue que lhe escorriam do pescoço.. incrédulo.. era essa a palavra. O que estava fazendo ali naquele bosque? Pq não tinha mais forças para levantar-se? Pq se sentia tão fraco e sangrava? Conseguiu focar Armand sentado num tronco proximo a ele. Os olhos vermelhos de Armand, tão rubros como as rosas sangue que ele cultivava em sua pequena estufa em casa. E os dentes.. os dentes saltados ainda sujos com o sangue de Vince.. Alucinação? Estava prestes a morrer e com isso tinha ilusões macabras daqueles seres que nunca acreditara? - Eu te darei o direito da escolha meu bom amigo... - A voz de Armand, a mesma voz que tantas vezes lhe enebriou a alma em conversas sobre poesias, musicas, teatro... agora lhe falava docemente como um carrasco. - Darei-te a chance de escolher acabar com o sofrimento que eu em pesar lhe causei.. por desejar-te demais a ponto de perder-lhe um dia por não possuir a imortalidade. Por saber que um dia deixarias de ser meu... E sucumbir a uma morte eminente... ou juntar-se a mim na eternidade. E deixar-me servir o sangue do meu sangue. O Sangue que lhe trará uma nova vida, com novas cores, novos sons. A chance de ser um nome na historia.. de não se preocupar em um dia perder sua juventude e beleza, meu adonis de marfim. A chance de conhecer as mais vastas culturas durante os séculos que se seguirão. A chance de estar comigo para toda a vida. E eu te mostraria o mundo inteiro. - Armand.. eu.. - a voz trêmula e agora fraca quase não consegua desvencilhar-se dos labios agora tão frios quase tão frios quanto os lábios que há pouco tocaram sua pele e lhe tiraram o vitae. - o que está acontecendo? - escutara cada palavra que ele dizia. Escolher entre morrer ou viver como ele.. ser um dele.. um desses seres que bebem sangue? Que se alimentam de vida... Mas estar perto dele para todo o sempre e era isso que sua alma lhe pedia naquele momento, nem lhe importava o que aconteceria depois. - Eu escolho.. escolho você.. Armand sorria. Sabia que não haveria outra escolha ao jovem rapaz e descia da árvore aproximando-se, dobrando a manga da casaca e da camisa, expondo o punho, e ele estava tão corado agora, como Vince jamais tinha percebido aquele tom morno da pele de Armand? Viu que ele rasgava o punho com as presas e logo sentiu o pingar do sangue em seus lábios. Quente.. quente e desesperadamente necessário. Entreabriu os lábios deixando que o sangue respingasse pela garganta.. e a necessidade de grudar os labios no punho ali exposto foi tamanha, ele ergueu o corpo alcançando o punho ofertado, sugava.. sugava com enorme fome, enorme ânsia. Sentindo o sangue que voltava a seu corpo, tendo quase a certeza de que posia escutar o bater do coração de Armand alcançando o bater do seu coração. - Calma.. devagar Vincent.. - Armand lhe acariciava os cabelos castanhos e anelados, num afago fraternal, num abraço de uma mãe que alimenta o filhote. Vince não escutava. O corpo.. a alma pediam aquele sangue mais do que qualquer outra coisa e ele deixou que o bater dos corações se igualassem naquele momento.. antes de ser empurrado por Armand, que estava prestes a agonia da diablerização. - Chega Vincent! - O vampiro erguia-se do chão.. estava cansado.. deixou o corpo repousar ao tronco de um carvalho enquanto observava as expressões de Vincent... que começava a demonstrar sinais de dor. - Seu corpo está parando de funcionar. Por isso a dor. Está morrendo.. - sussurrava deixando o corpo repousado ao tronco. Vincent pensou em perguntar-lhe como? Pq estava morrendo se havia desejado ser como ele.. Porque Armand lhe havia mentido daquela forma, e o enganado, mas não teve tempo os espasmos continuaram e foi sentindo cada órgão parar de responder ao corpo. Os musculos a entrarem em rigor pos mortis, as articulações a não mais responderem. O respirar que começava a lhe faltar.. os olhos arregalavam-se em direção a Armand.. e o vampiro pode ver a conclusão de seu ato que vinha com o dilatar das pupilas e o coração qeu parava de bater. - Precisa morrer em vida.. para viver na morte, Vincent.. - Ele esperava alguns minutos antes que o corpo inerte de Vincet começasse a dar sinais de movimentos novamente. - Contemple o mundo com meus olhos, meu amado Vincent. Contemple o mundo com os olhos de um morto.
Contado pela Camarilla Francesa
9:15 PM
E tudo se inicia...
Paris, abril de 1786
Mistério e sedução sempre rondaram a velha Paris. Seu fog, seus castelos e corte sempre foram notificados como de alta classe. Sempre instigaram a mente de autores para romances mÃsticos e assim desencadeia-se a tendência para um dos berços do vampirismo. Você acredita nestes seres encantadores? Do qual se torna impossivel fugir.. do qual se quer estar sempre perto... Do qual se pode implorar para que seu vitae escorra por entre labios outrora frios e que aos poucos em seu beijo letal se torna cálido, quente e cheio de vida?Como resistir ao encantamento destes seres? Como resistir a suas vontades se eles fazem tomando para si as nossas vontades, nossos anseios, nossa libido. Erotismo, sempre esteve ligado aos senhores da noite. Mas e sentimentos? Os seres considerados vis e sugadores de vida seriam dotados disto? Seria o amor.. o desejo, algo tão forte que transcederia a morte, ou a morte em vida? Bram Stocker acreditava que sim e seu Conde Dracula foi um homem apaixonado e este amor o perseguiu depois em sua vida em morte, pela jovem Mina Harket. O doce Louis amou a criança Claudia quando ela tinha vida, amou como sopro de vida, amou como filha e como mulher. Existiria então alguma luz nas trevas? E o ódio? Se o amor é capaz de passar pela tênue linha que separa o real do ilusório.. a vida da morte, então seu irmão gêmeo inverso, o ódio tambem transpassará estas barreiras. Seja bem vindo ao Dark Ages, onde Vida, Morte, Amor, Ódio, Paz e Dor caminham de mãos dadas com as histórias de seus personagens.
Contado pela Camarilla Francesa
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